Este texto originou-se num momento em que fui questionado, em uma conversa casual, sobre o que é psicologia. Quando tentava responder observei minha dificuldade de encontrar um conceito que fosse acessível ao interlocutor leigo, ou seja, o não psicólogo. Meu objetivo como profissional da área, era apresentar um conceito unificado, objetivo, simples e fácil de entender. Quando me dei conta percebi que ao invés de apresentar um conceito, eu insistia em explicar qual era a função do psicólogo, o que ele faz. Pois é, naquele momento senti que deveria tentar entender o porquê, ao invés de apresentar o conceito, eu insistia em fugir para uma explicação sobre o que faz o psicólogo. Parti então para a pesquisa em livros e artigos e me deparei com uma realidade peculiar, observei a existência de uma dificuldade da própria psicologia, em definir-se como ciência unificada e promover a oferta de um conceito acessível ao público em geral. Na realidade a multiplicidade de abordagens existentes e que focam aspectos diferentes da existência humana, torna a psicologia complexa para ser entendida por leigos. O psicólogo comportamental elegerá como objeto de estudo o comportamento humano observável, o psicanalista o inconsciente e assim por diante, ou seja, dentro da própria psicologia as varias vertentes dificultam a unificação do conceito.
O que observo e que tem a ver diretamente com a minha dificuldade de apresentar um conceito unificado de psicologia, é o fato de que o conteúdo do terapeuta influencia na sua compreensão da psicologia como ciência, ou seja, cada terapeuta pode dar o significado do o que é psicologia como ciência para si, conteúdo este que, estará baseado nas características da abordagem utilizada e fatalmente nas suas crenças enquanto indivíduo. Eu como terapeuta adepto da Gestalt-Terapia, definiria a psicologia como a ciência que estuda a pessoa e a sua relação com o outro e o mundo, fundamentalmente através da observação clínica dos fenômenos. Dentro do conceito que apresento, levo em consideração que o individuo é singular e tem uma visão de mundo e de pessoa, que orienta o próprio formato de contato como o outro e o mundo, durante sua a existência. Essa visão de mundo e de pessoa influencia na sua forma de contato com os fenômenos diários, promovendo assim uma organização disfuncional (forma de organização possível naquele momento, caracterizado pelo sintoma a ser tratado, estado de organização caótica), que através do processo psicoterapêutico podem-se ajustar criativamente, assumindo a partir desse momento um formato funcional.
Dentro do entendimento sobre psicologia que apresentei, ficaram incluídos alguns conceitos de Gestalt-Terapia, tais como, singularidade, visão de mundo e de pessoa, contato, processo terapêutico e ajustamento criativo funcional e disfuncional. No futuro desejo abordar esses e outros assuntos que serão publicados nesse blog.
Esse texto foi escrito pelo Psicólogo Neido Castilho Júnior, CRP 14/06258-1, onde são oferecidas explicações básicas sobre psicoterapia e referência, na qual os leitores poderão encontrar explicação cientifica aceita sobre o conteúdo tratado e aprofundarem o entendimento.