O QUE É PSICOTERAPIA?

          Essa é uma pergunta que, supostamente, pode ser facilmente respondida por psicólogos ou pessoas que já passaram, com sucesso, por psicoterapia como cliente ou que eventualmente tiveram contato próximo com alguém que passou pelo processo. Porém, tenho observado na prática diária que muitos não tiveram a oportunidade de conhecer de fato, como funciona uma psicoterapia, e guardam dúvidas e algumas impressões idealizadas, até certo ponto preconceituosas, construídas no imaginário e que se distanciam da realidade psicoterapêutica. Vou citar alguns exemplos: é comum ouvirmos “terapia é para louco”, “qual a diferença entre psiquiatra e psicólogo?”, “o terapeuta tem solução para todas minhas dúvidas” e etc.; Na verdade, essas são ideias que demonstram desconhecimento a respeito do trabalho do psicólogo clínico.

          Bem, vamos lá! Tentarei explicar da forma mais simplificada possível, o que vem a ser a psicoterapia. A psicoterapia é um trabalho que se desenvolve processualmente, realizado por um psicólogo clínico, que tem como objetivo tratar questões pessoais, tais como, dificuldades emocionais, comportamentais, cognitivas e etc., dentro de um ambiente clínico, individualmente ou em grupo.

             Segundo Ribeiro (2013),

A psicoterapia, portanto, é um processo de desenvolvimento, no qual duas pessoas se encontram numa relação profunda e significativa, e no qual o psicoterapeuta desempenha e vive a função de agente de mudança e o cliente experiencia situações passadas, presentes e futuras, procurando compreendê-las através da vivência no presente, convivendo com emoções, fantasias e sentimentos, tentando encontrar saídas novas para seu modo de estar no mundo, como um todo (p.37).

           Quando utilizei a expressão ambiente clínico, me referi a um local especial que pode ser representado concretamente por uma sala, com ambiente previamente preparado para resguardar algumas condições ideais. Porém, na minha experiência clínica já utilizei outros ambientes, tais como, a agradável sombra de uma mangueira, um redário e um jardim, onde puderam ser resguardadas essas condições ideais. Entendo que o importante é que condições como segurança, privacidade visual e sonora, respeito a fronteira de contato do paciente e conforto, sejam resguardadas para que o cliente sinta-se a vontade e permita o aflorar de todo o conteúdo emocional a ser tratado.

           Um fenômeno importante ocorre no processo psicoterapêutico, trata-se do desenvolvimento de uma relação profunda e significativa, entre o psicólogo e o cliente, conforme Ribeiro (2013). Essa relação é construída gradualmente, na medida em que o vínculo entre as partes aumenta. Alguns fatores são importantes para construção do vinculo, dentre eles podemos citar a coexistência num ambiente protegido (setting terapêutico) por um contrato psicológico e atitudes terapêuticas seguras, que permitam ao cliente sentir-se confiante e acolhido pelo psicólogo. O contrato não é necessariamente escrito, mas um componente do processo, construído através do dialogo e com regras claras, onde são combinados todos os detalhes dessa relação (horário, preço, falta, reposições e etc.) e garantindo o sigilo. A atitude terapêutica segura é conquistada através de domínio teórico e técnico do profissional e através da postura dialógica. Essa postura propicia a percepção, por parte do cliente, de um psicólogo presente, ativo na relação, preocupado em estabelecer linearidade no dialogo e em não julgar o conteúdo exposto.

            A psicoterapia atende uma gama variada de necessidades, fundamentadas na incapacidade da pessoa em lidar com situações provocadoras de sofrimento. Podemos aqui citar os casos de doenças mentais, situações nas quais a psicoterapia acontece, na maioria dos casos, concomitantemente com o tratamento prescrito pelo psiquiatra. Esse psiquiatra é um profissional médico, que provavelmente diagnosticou o sujeito e prescreve medicamentos controladores dos sintomas provocados pela doença. Outras formas de sofrimentos são tratados pelo psicólogo, tais como, perdas, incapacidade de lidar com situações rotineiras (timidez, tomada de decisão, organização da vida e etc.) e que provocam sofrimento.

            Varias abordagens são utilizadas na psicoterapia e na minha visão não existe uma melhor ou pior. Cada psicólogo, através de especialização, pode optar por uma abordagem que definirá conceitos e técnicas para tratar o cliente. A escolha dessa abordagem está relacionada fundamentalmente com a identificação que o terapeuta tem com as particularidades da linha terapêutica escolhida. Existem também outras abordagens, como a psicanalise, a comportamental, a Gestalt-Terapia e várias outras, que através de método próprio buscam aparelhar o cliente, provocando a autodescoberta de conteúdos ocultos e que o impelem a situações repetitivas e provocadoras de sofrimento.

            Devo observar também que, o psicólogo é um ser humano comum, profissional da área da psicologia e detentor de conhecimento teórico e pratico, que somente a ele cabe imputar condições necessárias para provocar no cliente descobertas necessárias para lidar com as situações caracterizadas na queixa e outras que possam surgir no processo psicoterapêutico. Em dois aspectos o psicólogo não deve dedicar esforço, sob o risco de comprometer o processo, o primeiro é o de apresentar solução para as dificuldades do cliente (o cliente descobre no processo), o segundo é o de resolver os problemas existentes na vida humana (o cliente desenvolve aparelhamento necessário para lidar com os problemas).

          De forma compacta expliquei para vocês o que é psicoterapia e durante a explanação utilizei alguns conceitos, tais como, abordagem psicológicas, técnicas psicoterapêuticas, setting terapêutico, contrato psicológico, relação dialógica, acolhimento e vínculo que serão abordados, individualmente ou agrupados, em publicações futuras desse blog.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
RIBEIRO, J. P. – Psicoterapia: teorias e técnicas psicoterápicas – 2. ed. rev. e atual. – São Paulo: Summus, 2013.

  Esse texto foi escrito pelo Psicólogo Neido Castilho Júnior, CRP 14/06258-1, onde são oferecidas explicações básicas sobre psicoterapia e referência, na qual os leitores poderão encontrar explicação cientifica aceita sobre o conteúdo tratado e aprofundarem o entendimento.

Psicólogo Clínico, utiliza a Gestalt-Terapia como abordagem, atende adolescentes e adultos. CRP 14/06258-1

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